terça-feira, 28 de outubro de 2014

Antes que eu decida ou desista, uivarei por algumas vezes seu nome em noite de lua cheia por entre os sons e as pessoas dissonantes.

Fases do amor

-  Se eu pudesse eu guardava o momento, o seu olho, sua voz texturizada e essa saudade. Só sei de querer saber de você. Você eu abraçava assim, você eu amava, de você eu gosto, gosto tanto que não consigo parar, você é lindo.
Você é a vontade que eu morro e me mata, você, puro você.





- E se eu voltasse no instante em que te vi pela primeira vez, me cruzasse com seus olhos e parasse.
Se eu pudesse congelar a cena, eu queria ter fotografado, me fotografado. Hoje, eu não sei se sentia algo ou o que sentia. Mas eu sempre me lembro do seu olho brilhando enquanto falávamos de música ou da sensação do coração disparar quando descobri que você era virginiano, tal como eu.
 Eu sei, isso deve te parecer bobo, mas eu sonhava diariamente com você, em algum momento acreditei no nosso potencial como alguma melhor coisa do mundo...
 Mas o tempo parou, passou, o tempo voou e ralentou pra mim, eu sempre me sinto assim quando esbarro com seus olhares pela rua, ou me surpreendo com sua foto em algum lugar, com algum amigo em comum, me assusto quando esse sonho se repete, queria ter a certeza de que um dia vou acordar no meio do sonho e ao abrir os olhos  te contar como foi lindo ter sonhado mais uma vez com você, você provavelmente me chamaria de linda, eu morreria de vergonha, te abraçaria e dormiria querendo reviver essa cena milhões de vezes, talvez até mentisse pra poder ver seu olhinho, seu sorriso e seus braços.
Eu morri de saudade.




-Jovelina tinha um sonho, ser amada por Ateus. Jovelina sempre andava com um livro embaixo dos braços e sorria para qualquer rapaz que lhe parecesse largado demais. Jovelina se apaixonou, chorou tanto que transbordou, se transformou em água salgada, Jovelina conheceu um peixe. Jovelina resolveu fazer parte do cardume e até mudou de nome. Jovelina se multilou por necessidade, mas no fundo ela sabe que foi por estética. Jovelina continua apaixonada, mas resolveu continuar no cardume. Jovelina continua perdida, mas agora ela desenha.
Limites são -ites,
Novelas são recortes,
Momentos são lentos e efêmeros,
as comparações são vãs
e eu sou selvagem, porque sou precária de razão.

shhh

Tendo a viver em segredo comigo.
Apesar de me ver, você não saberia o que se passa por aqui, você nao entenderia meus atos e a forma como eu conjugo os verbos.
A minha mente costuma sussurar verdades e mentiras, nós somos como uma gangorra, o corpo de um lado e a mente do outro se assustando sempre com as bruscas paradas quando o pé atinge o chão.
De fato, eu sei, parece hilário ou talvez trágico, mas quando isso acontece, alguma coisa germina, no interior do interior do interior do minusculo ser que me habita agora.
Eu tento gritar mas a mente sussura, e por ela sussurrar me sinto tão íntima, que acabo levando como verdade tudo o que ela me diz. Nós passeamos de mãos dadas, ela só me larga quando eu dou a mão a um copo de cerveja, e quando isso acontece o corpo se liberta até atingir o chão, a queda é brusca, o machucado dói, mas precisamos de menos segredos e sussuros. Eu tenho necessidade de cantar e de ouvir a minha própria voz.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Enquanto as lágrimas caíam, eu jamais senti algo tão bom e bonito.
Esse amor, essa coisa, essa vida, essa morte em desespero.
O conjunto de fatores que se jogam de um lado ao outro, sem atingir o equilíbrio ou o repouso.
As palavras nada seriam se você não as usasse, por isso eu culpo alguém.
Eu culpo a palavra não usada também, o fator mal resolvido de todo dia.
É preciso culpar, pela perda de algo que nunca foi, é urgente que se ache a maneira certa de viver.
E essas tantas receitas soltas de amar que  não são nítidame trituram a visão e mesmo apesar confesso que  perco tempo olhando, analisando em cada propaganda uma forma que não me pertence.
E eu que tanto optei pela singularidade, desabo em lágrimas, por de repente não ser quem eu gostaria, ou o inverso disso.
É preciso que a culpa saia de mim, que ela encontre outras mentes para atormentar.
Que dois passos sintonizados não andem, é preciso que o óbvio aconteça.
Mas que o óbvio não seja o obvio falado,
seja o óbvio sentido.

O desejo

Eu já previa o acontecimento desse querer, essa força que os poros expelem sem motivo algum e contorce a existencia, o desejo.
Das coisas mais instáveis a se desejar, o desejo.
O esquivamento de ser somente só, e aquilo que é..
Essa existência melada de passado não me deixa não sentir e ressentir,
e que cada encontro seja mais melado.






quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Te amo, Vida, líquida esteira onde me deito
Romã baba alcaçuz, teu trançado rosado
Salpicado de negro, de doçuras e iras.
Te amo, Líquida, descendo escorrida
Pela víscera, e assim esquecendo
Fomes
País
O riso solto
A dentadura etérea
Bola
Miséria.
Bebendo, Vida, invento casa, comida
E um Mais que se agiganta, um Mais
Conquistando um fulcro potente na garganta
Um látego, uma chama, um canto. Amo-me.
Embriagada. Interdita. Ama-me. Sou menos
Quando não sou líquida.
(Alcoólicas - V)

(Hilda Hilst)



E olha que o que eu amo há de ser enovelado com o que eu digo, 
E se diz que amar é um verbo flexivel, eu torço o canto e digo que irei.
Enraizo em lugares mal vistos
me visto
de você, em você.